Agosto Lilás – Mês da Conscientização da Violência Contra a Mulher
Em entrevista com a psicóloga Juliana Ribeiro ela explica um pouco sobre esse assunto que é tão delicado e que precisa de um olhar mais profundo diante da tamanha complexidade.
Primeiro é preciso conhecer os vários tipos de violência contra a mulher que existem, reconhecidos tanto por organizações internacionais como pela legislação de muitos países. Os principais tipos são:
Violência Física: Inclui qualquer ato que cause dano físico à mulher, como socos, chutes, tapas, queimaduras, estrangulamento ou qualquer outra forma de agressão física.
- Violência Psicológica ou Emocional: Envolve comportamentos que causam dano emocional e psicológico, como humilhações, insultos, chantagens, ameaças, manipulação, controle, isolamento social e outras formas de agressão que impactam a saúde mental da vítima, incluindo a perda da identidade e baixa autoestima.
- Violência Sexual: Abrange qualquer ato sexual forçado ou sem consentimento, incluindo estupro, abuso sexual, coerção sexual e qualquer forma de intimidação sexual.
- Violência Patrimonial: Refere-se ao dano, subtração ou retenção de bens, valores ou recursos financeiros da mulher, incluindo destruição de objetos pessoais, documentos, dinheiro e outras propriedades.
- Violência Moral: Envolve a difamação, calúnia ou injúria contra a mulher, geralmente com o intuito de prejudicar sua reputação ou dignidade.
- Violência Digital: Inclui o uso de tecnologias, como a internet e dispositivos eletrônicos, para assediar, ameaçar, divulgar informações íntimas sem consentimento, vigiar ou manipular a vítima.
- Violência Institucional: Quando instituições públicas ou privadas negam ou dificultam o acesso da mulher a serviços básicos de saúde, justiça ou outros direitos fundamentais.
É preciso entender que esses tipos de violência podem ocorrer isoladamente ou combinados, e têm um impacto profundo e duradouro na vida das mulheres, afetando sua saúde física, mental e emocional. É importante reconhecer e combater todas as formas de violência contra a mulher para garantir sua segurança e dignidade.
A violência doméstica tem impactos profundos e multifacetados tanto na vida das vítimas quanto na de seus familiares, comunidades e a sociedade como um todo. As vítimas podem apresentar distúrbios físicos, psicológicos e emocionais que interferem na integridade da saúde, resultando em sofrimento psíquico e adoecimento mental. Alguns exemplos são os traumas e transtornos psicológicos, financeiros e sociais (vítima e familiares) e seus principais impactos:
- Impactos Físicos e Psicológicos
- Ø Físicos: Lesões corporais, como hematomas, fraturas e até lesões internas graves. Em casos extremos, pode levar à morte.
- Ø Psicológicos: Ansiedade, depressão, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), baixa autoestima e pensamentos suicidas. O trauma emocional pode ser duradouro, impactando a capacidade da mulher de formar relacionamentos saudáveis e confiar em outras pessoas.
- Impactos Sociais
- Ø Isolamento Social: As vítimas de violência doméstica frequentemente se isolam de amigos e familiares, seja por vergonha, seja por manipulação do agressor, que pode tentar controlar seus contatos e atividades sociais.
- Ø Dificuldade em Manter Empregos: A violência pode interferir na capacidade da mulher de manter um emprego devido a lesões, estresse, ou necessidade de se ausentar para tratar de questões legais ou de saúde. Isso contribui para a dependência financeira do agressor.
- Impactos Econômicos
- Ø Custos Médicos e Legais: As despesas com tratamento médico e apoio psicológico, bem como custos legais (como processos e medidas protetivas), podem ser significativas.
- Ø Perda de Produtividade: A violência doméstica pode resultar em ausências no trabalho e perda de produtividade, afetando tanto a vítima quanto a economia de maneira mais ampla.
- Impactos na Família e nas Crianças
- Ø Ciclo de Violência: Crianças que crescem em lares onde a violência é comum têm maior probabilidade de reproduzir ou aceitar comportamentos violentos no futuro.
- Ø Trauma Infantil: As crianças que testemunham violência doméstica podem sofrer traumas psicológicos, desenvolver problemas comportamentais, dificuldades na escola e questões de saúde mental.
- Impactos na Sociedade
- Ø Sobrecarga nos Serviços Públicos: A violência doméstica aumenta a demanda por serviços de saúde, assistência social, e intervenção legal, sobrecarregando os recursos públicos.
- Ø Estigmatização e Desigualdade: A violência contra a mulher perpetua desigualdades de gênero e mantém o ciclo de opressão e estigmatização, dificultando avanços sociais em direção à igualdade.
A conscientização e intervenção eficaz são cruciais para mitigar esses impactos e apoiar as vítimas na busca por segurança e recuperação. Políticas públicas, educação e programas de apoio são fundamentais para combater a violência doméstica e seus efeitos devastadores.
Porém, além da conscientização é ideal que essa vítima tenha tratamento, suporte ou rede de apoio.
Apoio e Tratamento:
- Ø Apoio: É essencial que as vítimas tenham acesso a redes de apoio, como amigos, familiares, e serviços comunitários que possam oferecer assistência emocional, jurídica e financeira. Refúgios, linhas de apoio e grupos de apoio desempenham um papel crucial ao proporcionar um espaço seguro e recursos necessários para as vítimas se recuperarem.
- Ø Tratamento: O tratamento psicológico é fundamental para ajudar as vítimas a lidar com os traumas. Terapias individuais e em grupo podem auxiliar na reconstrução da autoestima, na cura dos traumas e na restauração da capacidade de confiar nos outros. Além disso, o tratamento médico pode ser necessário para lidar com lesões físicas e outros problemas de saúde decorrentes da violência.
Além das sequelas e marcas deixadas pela violência é necessário entender que mesmo com o tratamento e a rede de apoio essa vítima precisa de um tempo para a superação. A superação da violência doméstica é um processo complexo que envolve a recuperação física, emocional e financeira. Requer apoio contínuo e um ambiente seguro para que a vítima possa reconstruir sua vida. A superação não significa apenas escapar da situação de abuso, mas também recuperar a dignidade, a confiança e a independência. Programas de empoderamento, educação, e oportunidades de emprego podem ser fundamentais para ajudar as vítimas a reconstruírem suas vidas e quebrar o ciclo de violência.
Compreende-se que, cada um desses aspectos evidencia a profundidade dos impactos da violência doméstica e a importância de uma abordagem abrangente para apoiar as vítimas e suas famílias. Dessa forma, há uma amplitude muito maior sobre esse tema que há a necessidade de maior atenção a tamanha vulnerabilidade ao qual a vítima pode se encontrar.
Por fim, um alerta as minúcias e sinais que as vítimas podem apresentar. Evitem julgamentos e se atentem a ouvir a vítima e auxiliá-la sobre o pedido de ajuda e a incentivem a busca por apoio psicológico e também as denúncias caso seja necessário.
Lembre-se para a Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 é um canal criado pela Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres, que presta uma escuta e acolhida qualificada às mulheres em situação de violência.
Ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher e peça ajuda.
Sobre a profissional: Atualmente Juliana realiza atendimentos de psicoterapia na modalidade online e Presencial no Edifício Geraldo Diniz – Centro – Curvelo. Os dias e horários de atendimento variam de acordo com a disponibilidade de agenda da profissional e a do paciente e são realizados com hora marcada. Porém tem se voltado mais para atendimentos na modalidade online.
Para saber mais:
Juliana é graduada pelo Centro Universitário UNA – BH desde 2017, tem especialização em Terapia Cognitiva Comportamental Clínica e Institucional pela UNESAV - Viçosa, e é pós-graduada em Neuropsicologia e Avaliação Neuropsicológica, pela mesma universidade, além de ter em seu currículo também, outros cursos de capacitação e mentorias aplicadas a sua atuação. Atualmente, Juliana atua com atendimentos em psicoterapia para o público adulto, terapia de casais e orientação parental (pais de crianças). Quem desejar realizar o acompanhamento pode entrar em contato pelo telefone: (31) 99383-6143 (via ligação ou WhatsApp) seu Instagram profissional é @julianaribeiropsico.
Juliana Ribeiro Psicóloga – CRP 04/51120
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